18 setembro, 2008

Perguntas desnecessárias

Sabem bem quando sentem aquele espanto inicial e depois ficam quase zangados eternamente quando alguém vos pergunta porque fazem uma coisa? Pois. Devem saber. Ou pelo menos aqueles de vós que faz algo único que vos preenche totalmente, ou que simplesmente o fazem porque de outra forma não seriam vocês mesmos. Pois. Acredito que conheçam a sensação. Eu estou sempre a tê-la. Sobretudo quando oiço frases como: "Porque escreves?", "Porque escreves essas coisas?", "Sabes que isso não te dá dinheiro nenhum?" ou a pérola das pérolas: "Sabes que os escritores só ficam famosos quando morrem?" E respondo, suspirando pacientemente, pois ouvi o mesmo quando me dava ao trabalho de pintar, embora nunca o tenha encarado como carreira. E lá jeito havia - eu sei, sou modesta. Muito. Tanto o sou que calo baixinho os nervos. Não gosto de perguntas desnecessárias. Nunca gostei. Perguntas como as que respondo com um sorriso meio amarelo e uma angústia triste, porque não se consegue explicar a quem nos pergunta uma coisa do género o que é escrever, o que é formar um universo paralelo, o que é ver ali palavras juntas que transmitem alguma coisa a quem o lê. De verdade, o que me apetece responder, quase enraivecida, é: Se eu não escrevesse, morria ou Se eu não escrevesse eu não seria eu. Muito dramático, não é? Mas é simplesmente,isto. Não há mistério algum. Parece-me simples. Talvez não seja tão simples, talvez seja mais complexo que tudo isso, mas a verdade é essa e não vem mal nenhum ao mundo se me apetecer perder a maior parte da minha vida a escrever algo que ninguém irá, muito provavelmente, ler. Como este post...

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