Acordei não sei onde
sem saber
dormi na escada
a garrafa a meu lado
a cara desfigurada
e os jeitos embaraçados
no coração dilacerado
Os rasgos permanecem
sem que me aperceba a dor não foge
quando queremos
quando podemos
quando sentimos que tudo não podia ser pior
Alturas desencontradas
mãos desagarradas
sem que me aperceba o amor não é para sempre
quando queremos
quando podemos
quando sentimos que não há pior
As sensações partem-se
(ou rasgam-se?)
na pele de quem passa peço um pouco de atenção
e tudo parece ser mais fugidio
do que o teu gato preto quando entro em casa
e quase tropeço na calçada que se desfaz a cada gota de chuva
que dissolve o cimento mal fabricado e desgastado pelos passos
que nos levam daqui
Nevoeiro e maresia
combinam e descombinam nesta hora
em que tu prometeste não voltar
é a porta que é batida
e o chão que é calcado
e as dúvidas que se juntam
ao ego dilacerado
Entre as vagas e entre os cantos,
molho-me nas chuvas das marés
e no choro da madrugada.
Confusa e dilacerada,
endoidecida e embriagada,
sempre fui e procurava
durante a noite
desfazer o que era feito
descrer o que era dito
Acordei não sei onde
sem saber
dormi na escada
a garrafa a meu lado
a cara desfigurada
e os jeitos embaraçados
no coração dilacerado.
21 dezembro, 2005
Absinto
by Lunaris
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Lunaris, vai onde a tua alma te leva e parte... não queiras morrer infértil... é do que mais tenho medo! É de morrer infértil.. sem nada feito, realizado, meu, do meu ventre, da minha mente...do meu coração. Um beijo
ResponderEliminarEsa escalera siempre da un poco de vértigo, marea y parece que no se acaba nunca... pero se acaba...
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