Sob o pretexto do nascimento de quem se sabe e para cair nas boas graças do “homenzinho” de fato e barrete encarnado (e que já deve sofrer de reumático há mais de 100 anos), o consumismo passa a ser a prática “sagrada”, a peregrinação do último mês do ano, em busca do presente perfeito para os nossos entes queridos (e menos queridos).
É tudo muito, muito bonito...uma época em que a paz e o amor estão em cada canto, em cada esquina, em cada montra de uma boutique ou loja de decoração, disfarçados (sabe-se lá como, ou porquê) em preçozinhos cada vez mais altos, em acções tão, tão altruístas... de quem dá...e só espera estar a “investir” correctamente.
Os valores apregoados no Natal sempre me fizeram muita confusão, é verdade. Parece que, quando o Novembro acaba e espreita o tão desejado Dezembro, a maioria da população cai numa onda de “peace and love” (ao que acrescento o “ money”), ou porque o Natal está a chegar, ou porque já é Natal, ou porque o Natal já passou e vem aí um novo ano..
Eu explico. Porque é que só, e apenas no Natal , existe a tendência semi-beatífica de recordar o rol de pessoas que conhecemos, de quem passou pela nossa vida, e que, durante um ano (ou vários) estiveram jogados num canto longínquo da nossa memória, e a quem afiançamos, através de um postalinho totó ou de uma prendinha dos 1,50 euros ou do bazar chinês, que temos muuuuitas saudades, que desejamos uma época natalícia muuuuuito feliz, e um ano sempre cheeeeio de coisas muuuuitooo boas?!
Bem... talvez a única explicação seja... o ser humano precisa de ser igual a si próprio durante o ano, e durante uns 31 dias, faz-lhe falta soltar aquele lado altruísta, bondoso, piegas, lamechas, numa esperança sem igual de mudar o mundo... Já agora... e se, por arrasto da época natalícia, vem toda esta onda de alegria e felicidade e de amor pelo próximo... já agora, o nosso querido Governo poderia aderir a ela e considerar uma das seguintes opções:
a) fazer uma promessa a Nª Sª de Fátima, para que Soares não ganhe as eleições
b) enviar um comunicado a todas empresas do país para que aumentem os ordenados dos subordinados em 50 % (acreditem que a produção nacional aumentava num ápice);
c) possibilitar que, durante o mês de Dezembro, se passe a trabalhar quatro horas p/ dia (as restantes dedicar-se-iam à arte nobre e altruísta e tão difícil, das compras natalícias); e, finalmente..
d) permitir que a PJ e a GNR fechem os olhos (mais vezes) a infracções como ultrapassar o limite de velocidade, estacionar em qualquer lado que não a estrada (transportar 20 sacos de compras é tarefa muito muito pesada), ou e, porque não, fixar a taxa limite de alcool um bocadito mais acima (o Natal, cmo época de paz e amor influencia o consumo do alcool, não sabiam?).
Qualquer uma destas opções será, certamente, bem-vinda pelos portugueses...
Já agora, boas compras. Eu cá não posso nem penso comprar nada...
30 novembro, 2005
Essa coisa chamada "Natal"
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gostei do que escreveste... mesmo :)
ResponderEliminarpara mim o natal é uma epoca triste, mas pronto... sao coisas minhas :S e agora ainda aconteceu algo que marcou mais...
já reparaste que nestas alturas festivas ha mais multas? acho que os policias recebem uma comissao pelas multas que passam e entao, porque nao multar mais para comprar as prendinhas? :S nao sei se tou enganado quanto à comissao, mas tenho ideia disso...
beijinho *