19 outubro, 2005

Enquanto dormias

Saiu-me em forma de desabafo. O fumo voou para longe e deixou-me de olhos fixos em lado nenhum.
Enquanto dormias, foi assim que percebi.
Que nenhumas palavras são válidas, sempre. Que nenhum olhar dura muito mais depois do toque. Que o depois tem forma de abismo, rouba o sono, a mente e a réstia de entrega.
A teu lado há um vazio interminável. Um fosso que te leva para um sítio que não conheço. Que te leva até dentro de mim. Ao teu mundo.
Desenho o teu corpo para dentro de mim e sinto tudo o que não existe. És tudo e nada. Um nada demasiado absoluto para residir dentro de mim.
O toque não é tudo. Já to tinha dito. Mas acreditamos no que queremos. No que desejamos construir para nós.
Pé ante pé, chego perto da cama e visto-me silenciosamente.
Tu não me ouves, mas estou rouca de gritar. Gritar por dentro. E cansada de ser a única a ouvir-me... Mas nunca te exigi nada. E nunca o farei...
Decoro-te na tua perfeição pela última vez e saio.
Enquanto dormias, percebi.
E foi assim que voltei a fumar...

by Lunaris

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