24 janeiro, 2007

O Chapéu: É chegada a altura das apresentações

Fazemos aqui uma pequena pausa, caro leitor. Já conhecemos alguns episódios de certa forma importantes no percurso do nosso protagonista, mas nem por isso lhe conhecemos a origem ou a graça de seu Amo. Há quem diga que são pormenores assim que dão densidade realista a um conto, no entanto, esse aspecto pouco ou nada nos importa - já demos a conhecer que o nosso protagonista é um chapéu e, portanto, dentro das nossas capacidades cognitivas, julgamos que um chapéu não sofre, não pensa e não vive. Pelo menos na nossa "realidade", no nosso dia-a-dia, é, para nós, impossível, que um chapéu sofra ou sinta qualquer espécie de emoção ou sentimento.
Pois bem, meu caro leitor, trata-se que nem isso passaria pela cabeça de Masciel, o Amo, que como já vimos despejava no seu chapéu qualquer alegria ou amargura. Este senhor Masciel possuiria uns vinte e poucos anos, digamos uns vinte e três, dado que nem os próprios progenitores sabiam ao certo o dia e o ano em que o pequeno Salapita dera o primeiro berro da vida, exigindo mais ar que o permitido a qualquer recém-nascido da nossa espécie.

Masciel Salapita era, na verdade, um homem invulgar. Fizera a quarta classe, um triunfo à época, beijocando todas as raparigas de Talecre (a nossa aldeia) e arredores, arrebanhando a fama de rapaz garboso, atrevido mas de sucesso no trato e no latim. Pelo menos assim o definia a Mariquitas, mestre escola de outros tempos que já não voltam, em que a disciplina e o rigor no saber e no ser eram pilares essenciais da cultura de qualquer pirralho, pobre ou rico.

(continua na próxima semana)

1 comentário:

  1. Pues una semana larguita mi niña. Tanto que me dio tiempo a ir a ver a Klimt al cine (con Malkowich)... aych... Seguiremos esperando

    Besotes y que estés bien

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