11 outubro, 2006

Ao Cair do Escuro


Eis as estevas e o cheiro a eucalipto. Eis a desgarrada dos pássaros conhecidos e desconhecidos, eis o doce chamar do nascer do sol. E a serra espraia-se em cor alaranjada e verde seco, em castanho ancião de tantas nervuras. Hoje o dia será diferente.
Todos temos sombras e segredos. Todos fugimos de algum lado ou de alguém. Há quem tenha até fugido de livros e ideias. Encontrámo-nos aqui, num quase combinado encontro de perdidos e achados. Aqui, nesta serra silenciosa. Antes de nós, era o escuro. Antes de nós, era a terra seca e selvagem, era a força das ruínas de ontem, era a testemunha de vidas que nasceram e morreram por esta serra sem igual. Somos muitos, mas ninguém sabe de nós. Somos milhares de milhões talvez, mas ninguém nos vê. Enxergamos ao fim do dia a beleza que todos perdem. O mar não é tudo, penso. A areia não sara feridas, sinto.
E hoje o dia será diferente.

by Lunaris

1 comentário:

  1. Bom, dia Lunaris, venho informar te de um novo espaço cultural na blogolândia, espero que gostes, esta ainda me fase experimental, mas sabendo eu da área em que trabalhas, acho que vais gostar até de participar, o meu mail está lá, caso queiras participar ("conheces me", mas não me vou revelar, cortei com o registo que seguia). Um abraço

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