Portugal

Toda esta luta de poder pelo final do Mundial, aceito. Também vibro com o futebol, com quem tem arte para jogar e com quem consegue ter sorte a jogar. No fundo, são tudo desafios que podemos aprender a ultrapassar ou não. Tal como os jogadores, nós também aprendemos. Na vida real.
Mas seguramente que ninguém esperava este massacre da imprensa francesa. Que a dor-de-corno não me surpreende é verdade, verdadinha, mas como tudo o que é de mais, não presta.
Somos demasiado brandos. Demasiado deixa-andar. Dizemos quase a medo se guerra querem, guerra terão, mas à nossa maneira. Os diários desportivos portugueses, se outrora tão dedicados às guerrilhas clubísticas, estão agora passivamente hipnotizados no Mundial. Passivos porque não vejo sequer uma reacção à atitude gaulesa. Hipnotizados, porque só repetem a mesma ladainha desde o princípio do Mundial. À cautela reservam-se para a derrota, para depois poderem apontar o eu-bem-te-disse.
Podem tentar irritar-nos, fragilizar-nos, dividir-nos. Mas a Selecção Portuguesa entrará hoje em campo ilustre como sempre, dedicando-se à defesa do seu campo e dando luta aos franceses. Basta desse complexo que nos ficou na alma das Invasões Francesas. Basta do complexo de inferioridade e do estigma. Não somos nem menos nem mais que todos os outros povos do Mundo. Só temos a fragilidade de querermos ser outros. E isso tem de acabar. Se todos os outros podem sonhar, não poderemos nós? Se todos os outros podem vencer, almejar o mundo, não poderemos nós? Porque não?
Deixem-nos ser nós, apesar de todos os ventos contra. Basta isso.
Se formos apenas Portugal, venceremos.
Como tão bem dizem os nossos vizinhos espanhóis, A POR ELLOS! (vamos a eles!)