27 março, 2006

Os Intocáveis


Da areia dourada soltavam-se laivos de calor.
O mar prateava tudo o que não existe, a espuma convertia-se em pó.
Neste cenário de todos os dias, a música do vento brindava as vagas marés que inundam de tempos a tempos a aldeia.
Sou eu que vos conto a história das vagas que um dia engoliram aquela que foi a aldeia mais pura do Mundo.
Digo-o e repito.
Confirmo com as viagens que fiz pelo mundo adentro, devorando livros, palmilhando rostos, consumindo no suor e na destruição tudo o que há de humano.
Sei-o e sinto que esta é uma história que urge ser contada, o pulsar da areia que me envolve sussurra ao vento que não me deixe ir em paz. Que nunca vá sem contar a história das casas de palha, dos rostos moídos pelo sol e do cheiro a água salgada pela manhã.
Não sou eu que o peço, são eles.
Eles que partiram uma noite e não mais voltaram...
Eles que fizeram o mar saber a pó e dor.


Lunaris

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