Assim que vi este livro, houve qualquer coisa que me agarrou. Na altura ouvira falar vagamente de Pedro Paixão, em relação ao romance “A Noiva”. Nesse tempo ainda não conhecia a essência deste escritor, que procura sempre levar o leitor a reflectir sobre a vida. E, mais cedo ou mais tarde, identificamo-nos com o narrador. São 32 contos, pequenas pérolas, mas preciosas. Talvez a formação de Pedro Paixão (professor de Filosofia) tenha uma decisiva influência na sua escrita, no entanto certo é que são contos certeiros e que envolvem rapidamente… Um dia, Paixão diria: "Preocupa-me que as pessoas queiram chegar ao fim. Eu quero que as pessoas leiam e faço tudo para que isso aconteça. Corto, corto, corto". E por entre os cortes fica o essencial, ou seja tudo o que a vida é, desde alma ao sexo. O melhor deste livro é que pode ser aberto em qualquer página, e começar a lê-la calmamente. Recomendo vivamente, nem que seja para passar um fim de tarde ou “lavar as vistas” antes de deitar. Eis um extracto da obra:
“Sei pouco sobre as mulheres e cada vez sei menos. Nem sei - ou quando sei já é tarde de mais - se gostam de mim e se isso acontece, não chego a saber o que possa querer dizer. Há muitas maneiras de gostar, é verdade: Quando se gosta de um casaco é ele que o trazemos mais vezes. Com as mulheres é diferente. O que importa, acho eu, não é nem o que elas dizem nem o que elas fazem mas o que elas não dizem e pensam fazer. É preciso adivinhar e eu sou muito mau a adivinhar...”
Paixão, Pedro
Editor: Cotovia
Colecção: Ficção
ISBN: 972802844X
Ano de Edição: 2000
N.º de Páginas: 136
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