Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo. Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode ser tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto.
12 outubro, 2005
Antídoto
Antídoto, José Luís Peixoto
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ofereceram-me um livro do peixoto ha uns tempos... "uma casa na escuridao"? nao consegui passar dos primeiros capitulos. cansou-me. mas tb foi primeiro contacto.
ResponderEliminartb escreve contos e poesia, correcto? alguma sugestao?
De poesia tens o livro que saiu em simultâneo com o "Uma Casa na Escuridão", intitulado "A Casa, a Escuridão", mas aviso-te que para poderes perceber certos poemas precisas de ter lido o romance todo. Eu sempre gostei da escrita do Peixoto, mas comecei pelo "Nenhum Olhar". Talvez consigas adaptar-te melhor a esse, porque de facto o livro que te ofereceram é muito forte. Ou apaixona ou repele. Há também outro de poesia, "A Criança em Ruínas", que pessoalmente julgo melhor que "A Casa, a escuridão". Em tom de mistura, prosa poética, tens o primeiro livro dele "Morreste-me" e podes sempre, se gostas de contos, ler o "Antídoto", ou procurar os contos dele na revista Ficções e pela net fora. Espero ter dado informação útil. Mais dúvidas, está à vontade :)
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